O Galo e a Raposa
Em cima de um galho de árvore, cantava alegremente o galo, vigiante da quinta. Ao ver a manhosa raposa a aproximar – se, o galo atrapalhou – se todo e disse:
- Vai – te embora sua matreira! Daqui, não levas nada de nada!
- Querido amigo galo, - começou por dizer a raposa – se achas que vim para fazer mal estás muito enganado. Não estás a par das notícias?
- O quê? – Perguntou o galo. – Não estou a perceber nadinha.
- Hoje, no jornal dos animais, vinha a dizer que o Rei Leão assinou um decreto - lei onde deixou bem claro que a partir de agora todos, mas mesmo todos os animais têm de ser amigos uns dos outros. Anda, desce daí, vem dar-me um abraço para comemorar!
E, ao ouvir as palavras da raposa, logo se apressou a descer para abraçar a “amiga”.
Quando viu o galo aproximar-se deu-lhe pontapés até cair para o lado. O pobre coitado bem tentou fugir, mas… foi em vão.
Nesse dia a raposa fez uma festa para comemorar o acontecimento e adivinhem lá qual foi o prato principal… O galo, com certeza.
02/02/2012 - Rita Pinto, 6ºB
- Vai – te embora sua matreira! Daqui, não levas nada de nada!
- Querido amigo galo, - começou por dizer a raposa – se achas que vim para fazer mal estás muito enganado. Não estás a par das notícias?
- O quê? – Perguntou o galo. – Não estou a perceber nadinha.
- Hoje, no jornal dos animais, vinha a dizer que o Rei Leão assinou um decreto - lei onde deixou bem claro que a partir de agora todos, mas mesmo todos os animais têm de ser amigos uns dos outros. Anda, desce daí, vem dar-me um abraço para comemorar!
E, ao ouvir as palavras da raposa, logo se apressou a descer para abraçar a “amiga”.
Quando viu o galo aproximar-se deu-lhe pontapés até cair para o lado. O pobre coitado bem tentou fugir, mas… foi em vão.
Nesse dia a raposa fez uma festa para comemorar o acontecimento e adivinhem lá qual foi o prato principal… O galo, com certeza.
02/02/2012 - Rita Pinto, 6ºB
NO BAIRRO DO ALFABETO
No Bairro do Alfabeto, as letras eram todas muito alegres. Um dia, chegaram à entrada 251, três novos habitantes, o W, o Y e o K.
Ao olharem para eles, os outros habitantes ficaram felizes por terem novos vizinhos. Porém, quando foram ter com eles, estes não lhes responderam.
O M foi oferecer-lhes um bolo de coco (as letras adoram coco) e eles rejeitaram. No dia seguinte, o T, perito em computadores, resolveu pôr na caixa do correio do W, do Y e do K, um convite para a sua festa de anos.
Eles apareceram e ofereceram ao T uma caixa mas foram-se logo embora. Nessa caixa havia um cachecol, que estava um pouco roto.
O I, que era inspetor, resolveu investigar aquelas letras misteriosas. Depois de muitas pesquisas, decidiu contar toda a verdade aos moradores do bairro. Assim, organizou um evento no jardim.
- Queridos habitantes do Bairro do Alfabeto, já descobri toda a verdade acerca das novas letras, nossos vizinhos. Eles andam aborrecidos, porque pensam que queremos expulsá-los daqui, por serem estrangeiros!
- Isso não é verdade!– responderam as outras letras, indignadas.
Então, as novas letras aproximaram-se e disseram:
- Desculpem, o que fizemos e se andámos um pouco mal humorados. Mas pensávamos que não gostavam de nós. Ainda só fizemos um amigo, que é o Acordo Ortográfico, que nos trouxe para o Bairro do Alfabeto. – explicaram o W, o Y e o K.
A partir daí todos ficaram amigos e o Bairro do Alfabeto ficou mais rico e importante, pois passou a ter mais três letras.
16/01/2012 Jéssica Garcês, 6ºE
A CRISE DO ACORDO ORTOGRÁFICO
Certo dia o L, o R e o V estavam no café do senhor T a tomar um chá, quando o P e o Hífen apareceram a chorar e resmungões.
- Que se passa? Perguntou o L.
- Fomos despedidos e não fomos só nós. – respondeu o Hífen
Muito espantados, o V perguntou:
- Como? E quem são os outros. Fala.
- Olha o C, por exemplo, está muito triste, actor ficou sem o c, actriz, corrector, acto, afecto, exacto e mais, muitas mais, ficaram sem o c – afirmou o P.
Na verdade, as palavras com a crise diminuíram e muitas outras ficaram com letra minúscula.
As Aspas, muito aborrecidas, foram falar com o presidente:
- Senhor excelentíssimo presidente, o que se passa com as letras? Diminuíram? O que lhes aconteceu? Eu venho aqui protestar!
O presidente respondeu-lhe:
- Minhas senhoras, têm de compreender que é tudo por causa da crise. Chega a todos. E tivemos de reduzir nas palavras e nas letras.
As Aspas lá se foram embora. O ponto final, o de exclamação e o de interrogação andavam todos vaidosos, porque a crise ainda não tinha chegado a eles.
Nessa tarde, as Aspas, que não ficaram convencidas com a explicação do presidente, começaram a espalhar papelinhos a dizer “às três na garagem da Câmara. Reunião sobre a crise”.
Às três em ponto, lá estavam todos à porta da garagem. As Aspas começaram a reunião:
- Caros amigos, estamos em crise e o nosso presidente pensa que pode fazer de nós gato sapato. Vamos fazer um protesto!
Passados cinco minutos, as letras todas fizeram um cortejo aos gritos, com cartazes nas mãos, onde se podia ler “Queremos o nosso trabalho de volta!”. O presidente, muito aborrecido, gritou-lhes:
- O acordo ortográfico é que manda! É a CRISE! Vão mas é trabalhar!
As letras encolheram os ombros, viraram costas e puseram-se a andar!
16/01/2012 - Catarina Cecília Borges Ferreira, 6º E
O gladíolo e a caméliaGladíolo, flor modesta mas vaidosa, tinha desde a idade de bolbo uma paixoneta por Camélia, uma flor discreta, meiga e doce. Sempre que via Camélia corava, não sabia se era por vergonha ou alegria. Certo dia, ao ver Camélia passar, ganhou coragem para se declarar: - Camélia, podes vir aqui? – pediu sem hesitações. - Sim, claro que posso. Mas ao ver a Camélia aproximar – se com as suas folhas a rastejar pelo chão perdeu toda a coragem. - O que foi Gladíolo ? Passa-se alguma coisa? - Ah… Nada, nada. – respondeu todo atrapalhado o Gladíolo – Era… era só para te perguntar se… Esquece, não tem importância nenhuma. “O Gladíolo não me parecia nada bem…” pensava ela enquanto caminhava. “Passa – se algo de estranho com ele.”. No dia seguinte, Camélia acordou e viu que na terra a seu lado estava um bilhete. Dizia o seguinte: Querida Camélia, Não tenho coragem para te dizer isto pessoalmente, por isso não tive alternativa senão mandar – te este cartão . Estou apaixonado por ti e quero saber se tu sentes o mesmo por mim. O teu admirador, Gladíolo Gladíolo esperou pela resposta durante duas semanas até que numa linda manhã de sol, acordou com um bilhete pendurado nas suas folhas. O bilhete dizia: Querido Gladíolo, Li o teu cartão e aqui vai a resposta: X Sim Não Camélia O Gladíolo ficou mesmo muito contente. Era a melhor notícia que tinha recebido em toda a sua vida! Ganhou mais uma vez coragem e sem pensar duas vezes foi ter com a Camélia. -Queres vir dar um passeio comigo? -Claro que sim! -respondeu a Camélia. O passeio entre as duas flores enamoradas demorou três horas e meia, mas para o gladíolo não importava o tempo, o que importava realmente era estar ao pé de quem amava. 12/01/2012 -Rita Pinto, 6ºB |
HISTÓRIAS À VOLTA DO ACORDO ORTOGRÁFICO
Tudo começou quando a professora escreveu este conto para ler aos alunos.
O EXTERMINADOR
- Socorro! – grita, fugindo pela página abaixo, o apavorado C.
Outro C, que estava à porta de uma palavra, pergunta:
- O que foi que te aconteceu? Por que razão vais a gritar? Quem é que te fez mal?
- Ele vem aí, primo C! Ele vem aí, tenho de fugir! Senão sou exterminado, completamente… pufff! … desapareço no ar!
- Mas de quem estás tu a falar? Não te estou a perceber.
- Ainda não reparaste no que está a acontecer? Olha, repara bem na página que tens aí, vá, repara! Lê tudo com cuidado e diz-me se notas alguma diferença. Está tudo aí!
O primo C passa os olhos pela página e exclama, espantado:
- É verdade! Tens razão. Há aqui grandes alterações nas palavras. Mas o que é que está a acontecer?
- Então ainda não ouviste falar do Exterminador?
- Não, quem é esse?
- É aquele que anda por aí a exterminar letras que não se dizem – explica o C.
- Mas qual é problema? Não se dizem, mas ficam bem nas palavras! Ficam muito mais elegantes e compostas… até parecem importantes.
- Mas, agora, parece que é moda, não terem letras que não se dizem.
- E o que é que o Exterminador faz? – pergunta o primo C.
- Primeiro tira as letras que não se dizem, depois tira acentos, hífens… uma coisa terrível! Olha, o P que não se pronuncia, já foi à vida!
- Não me digas! Ainda ontem o vi! Estava óptimo! – exclamou espantado o primo C.
- Pois, mas agora, de óptimo não tem nada. Porque óptimo é ótimo. Bye bye P! Estavas sempre caladinho… agora, olha! Puffff!!!! É o que me vai acontecer, se não me ponho a andar.
- Também te vão exterminar?
- Pois, se ninguém me lê, se ninguém me pronuncia!! Eu estive sempre em acção, fiz companhia a outras letras, mas agora acção, ficou sem ação nenhuma. Tu é que tens sorte. Tu tens som! Por isso, ninguém te vai fazer mal. Até tens uma cedilha de vez em quando! – diz o C.
- Mas isso é horrível, desaparecer assim, sem mais nem menos – responde, confuso, o primo C.
- Se o Exterminador me encontra… desapareço… fico em nada… zero… Sabes o que vou fazer? Vou esconder-me na página de um livro antigo. Aí vou estar sossegado. Ninguém me vai encontrar.
- Estou abismado! Não sabia nada do que estava a acontecer. Ainda há dias vi o H, todo contente a passear numa banda desenhada. Coitado! Também desapareceu?
- Não, esse não. O H safou-se! – exclama o C.
- Mas o H também não se lê, não se pronuncia…
- Pois… mas tem grandes conhecimentos, parentes ricos e importantes noutras línguas. Bom, vou esconder-me dentro daquele livro que está ali. O Exterminador só quer saber de livros novos. Quando me quiseres visitar, já sabes onde eu estou.
- Adeus C, cuida bem de ti. Eu depois conto-te as novidades.
E o C, que não se pronuncia, aninha-se junto a uma das páginas de um livro de poemas e, desliza para dentro dele.
Passado algum tempo, o seu primo C, numa das muitas visitas que lhe fez, contou-lhe que o Exterminador tinha mudado de nome. Chamava-se agora Acordo Ortográfico.
28/11/2011 - professora Diana Felizardo
Outro C, que estava à porta de uma palavra, pergunta:
- O que foi que te aconteceu? Por que razão vais a gritar? Quem é que te fez mal?
- Ele vem aí, primo C! Ele vem aí, tenho de fugir! Senão sou exterminado, completamente… pufff! … desapareço no ar!
- Mas de quem estás tu a falar? Não te estou a perceber.
- Ainda não reparaste no que está a acontecer? Olha, repara bem na página que tens aí, vá, repara! Lê tudo com cuidado e diz-me se notas alguma diferença. Está tudo aí!
O primo C passa os olhos pela página e exclama, espantado:
- É verdade! Tens razão. Há aqui grandes alterações nas palavras. Mas o que é que está a acontecer?
- Então ainda não ouviste falar do Exterminador?
- Não, quem é esse?
- É aquele que anda por aí a exterminar letras que não se dizem – explica o C.
- Mas qual é problema? Não se dizem, mas ficam bem nas palavras! Ficam muito mais elegantes e compostas… até parecem importantes.
- Mas, agora, parece que é moda, não terem letras que não se dizem.
- E o que é que o Exterminador faz? – pergunta o primo C.
- Primeiro tira as letras que não se dizem, depois tira acentos, hífens… uma coisa terrível! Olha, o P que não se pronuncia, já foi à vida!
- Não me digas! Ainda ontem o vi! Estava óptimo! – exclamou espantado o primo C.
- Pois, mas agora, de óptimo não tem nada. Porque óptimo é ótimo. Bye bye P! Estavas sempre caladinho… agora, olha! Puffff!!!! É o que me vai acontecer, se não me ponho a andar.
- Também te vão exterminar?
- Pois, se ninguém me lê, se ninguém me pronuncia!! Eu estive sempre em acção, fiz companhia a outras letras, mas agora acção, ficou sem ação nenhuma. Tu é que tens sorte. Tu tens som! Por isso, ninguém te vai fazer mal. Até tens uma cedilha de vez em quando! – diz o C.
- Mas isso é horrível, desaparecer assim, sem mais nem menos – responde, confuso, o primo C.
- Se o Exterminador me encontra… desapareço… fico em nada… zero… Sabes o que vou fazer? Vou esconder-me na página de um livro antigo. Aí vou estar sossegado. Ninguém me vai encontrar.
- Estou abismado! Não sabia nada do que estava a acontecer. Ainda há dias vi o H, todo contente a passear numa banda desenhada. Coitado! Também desapareceu?
- Não, esse não. O H safou-se! – exclama o C.
- Mas o H também não se lê, não se pronuncia…
- Pois… mas tem grandes conhecimentos, parentes ricos e importantes noutras línguas. Bom, vou esconder-me dentro daquele livro que está ali. O Exterminador só quer saber de livros novos. Quando me quiseres visitar, já sabes onde eu estou.
- Adeus C, cuida bem de ti. Eu depois conto-te as novidades.
E o C, que não se pronuncia, aninha-se junto a uma das páginas de um livro de poemas e, desliza para dentro dele.
Passado algum tempo, o seu primo C, numa das muitas visitas que lhe fez, contou-lhe que o Exterminador tinha mudado de nome. Chamava-se agora Acordo Ortográfico.
28/11/2011 - professora Diana Felizardo
Depois foi lançado o desafio:”Quem quer escrever mais contos sobre o acordo?”
E as histórias começaram a aparecer.
E as histórias começaram a aparecer.
O QUE TERÁ ACONTECIDO?
A Revolta dos Acentos
No Reino de Acentónia, havia grande alvoroço. Já há algum tempo que as coisas não andavam bem. Por isso, o Presidente decidiu reunir o Parlamento para tentar resolver os problemas do seu povo, os “Acentos”.
Falou, em primeiro lugar, o representante dos Acentos Graves:
- Senhor Presidente, senhores deputados, a situação é grave. Como sabem, nós, os Acentos Graves, somos usados em cima do “a”. Tem sido sempre assim, desde há muitos anos. Mas, aquilo que está a acontecer, é que somos sistematicamente ignorados. Repito, sistematicamente ignorados. Então nas escolas! Confundem-nos sempre com o acento agudo. Mas não é a mesma coisa. Quando se diz “Eu estou à porta”, por exemplo, somos nós que temos de estar em cima do “a”. Se dizem “a aula é às 3 horas”, também somos nós, que vamos ficar em cima do “a”. Nós, nós e mais ninguém. Senhor Presidente, espero que hoje saia daqui uma lei que nos ponha no nosso devido lugar. Muito obrigado. É apenas isto que eu tenho para dizer.
O Presidente pensou um pouco e depois disse:
- Tem muita razão, senhor Acento Grave. Esta situação é intolerável e eu não vou permitir. A partir de agora, sempre que alguém escrever sem o acento grave, vai ter de beber um sumo de palermice. Além disso, enquanto bebe o sumo, vai ter de saltar e, ao mesmo tempo, esfregar o nariz.
Os deputados acenaram satisfeitos. Certamente que um castigo tão grande como aquele, acabava de vez com o problema dos Acentos Graves.
O Acento Agudo pediu também para expor os seus problemas:
- Senhor Presidente, Senhores deputados, a situação é esta. Os alunos dão muitos erros e esquecem-se de colocar os acentos nos devidos lugares. Eles sabem que as palavras esdrúxulas são acentuadas, sabem que as palavras levam acentos, mas não os colocam. Porquê? Porquê? Será que nós damos alguma alergia? Será que cheiramos mal? Vou dar-lhe um exemplo: numa turma havia vários alunos a escrever a palavra tímido sem acento e muitas outras na mesma situação. É preciso fazer alguma coisa, senhor Presidente.
Entretanto foi a vez do Ministro da Escrita falar:
- Bom, na verdade, se não usarem os acentos, nós passaremos a estar em vias de extinção. Já basta haver algumas línguas que não usam acentos, como o Inglês. Portanto, a partir de agora, quem não usar acentos agudos nas palavras, vai ter como castigo correr atrás de si próprio, até se conseguir apanhar.
Era uma lei bastante dura. Mas os acentos estavam a lutar pela sua sobrevivência.
Chegou a vez do Acento Circunflexo.
- Quero, em primeiro lugar, mostrar a minha indignação por nos chamarem o acento chapelinho. Nós não somos chapéus, e exigimos respeito. Nós somos acentos e somos tão importantes como qualquer outro acento. Não somos usados em muitas palavras? Mas marcamos a diferença entre muitas delas. É só isto que tenho para dizer.
O Ministro da Escrita falou, com voz solene:
- Então os Acentos Circunflexos têm sido chamados “Chapelinhos”?! Mas isto é um desaforo. Exigimos mais respeito! A partir de agora vai ficar como lei obrigatória, o seguinte: “Quem não usar corretamente o acento circunflexo, vai ter de andar sempre para trás.”
Houve alguma confusão nas bancadas do Parlamento. É que um castigo daqueles não era usado há mais de vinte anos. A última vez tinha sido aplicado quando os alunos se recusavam a usar vírgulas nos seus trabalhos. Nessa altura o Reino da Pontuação estava com graves problemas, semelhantes aos de Acentónia. Era um castigo muito forte, mas a necessidade de pôr fim a esta confusão de acentos, fazia com que as leis tivessem de ser mais duras do que o habitual.
O Ministro da Escrita perguntou:
- E o “Til”, não tem nada a dizer?
- Bom, nós ainda não estamos muito mal. Lá nos vão colocando em cima das palavras. Ai deles que não ponham um til! Como é que vão dizer “mãe”, por exemplo? E “não”? E mão? Mas também dão erros. Às vezes é com o futuro dos verbos na terceira pessoa do plural. Eles falarão, eles cantarão, eles brincarão. Sempre com o til, para fazer “ão”. Nós, os “Acentos til”, também queremos uma lei que nos proteja”.
- Acho muito justo. Os “Acentos til” também têm os seus direitos. A partir deste momento, quem não usar o til sempre que for necessário, vai ter de ler um livro sem palavras e depois, contar a história. Acham bem?
Todos saíram do Parlamento satisfeitos, por terem sido feitas leis muito rigorosas.
13/11/2011 - professora Diana Felizardo
Falou, em primeiro lugar, o representante dos Acentos Graves:
- Senhor Presidente, senhores deputados, a situação é grave. Como sabem, nós, os Acentos Graves, somos usados em cima do “a”. Tem sido sempre assim, desde há muitos anos. Mas, aquilo que está a acontecer, é que somos sistematicamente ignorados. Repito, sistematicamente ignorados. Então nas escolas! Confundem-nos sempre com o acento agudo. Mas não é a mesma coisa. Quando se diz “Eu estou à porta”, por exemplo, somos nós que temos de estar em cima do “a”. Se dizem “a aula é às 3 horas”, também somos nós, que vamos ficar em cima do “a”. Nós, nós e mais ninguém. Senhor Presidente, espero que hoje saia daqui uma lei que nos ponha no nosso devido lugar. Muito obrigado. É apenas isto que eu tenho para dizer.
O Presidente pensou um pouco e depois disse:
- Tem muita razão, senhor Acento Grave. Esta situação é intolerável e eu não vou permitir. A partir de agora, sempre que alguém escrever sem o acento grave, vai ter de beber um sumo de palermice. Além disso, enquanto bebe o sumo, vai ter de saltar e, ao mesmo tempo, esfregar o nariz.
Os deputados acenaram satisfeitos. Certamente que um castigo tão grande como aquele, acabava de vez com o problema dos Acentos Graves.
O Acento Agudo pediu também para expor os seus problemas:
- Senhor Presidente, Senhores deputados, a situação é esta. Os alunos dão muitos erros e esquecem-se de colocar os acentos nos devidos lugares. Eles sabem que as palavras esdrúxulas são acentuadas, sabem que as palavras levam acentos, mas não os colocam. Porquê? Porquê? Será que nós damos alguma alergia? Será que cheiramos mal? Vou dar-lhe um exemplo: numa turma havia vários alunos a escrever a palavra tímido sem acento e muitas outras na mesma situação. É preciso fazer alguma coisa, senhor Presidente.
Entretanto foi a vez do Ministro da Escrita falar:
- Bom, na verdade, se não usarem os acentos, nós passaremos a estar em vias de extinção. Já basta haver algumas línguas que não usam acentos, como o Inglês. Portanto, a partir de agora, quem não usar acentos agudos nas palavras, vai ter como castigo correr atrás de si próprio, até se conseguir apanhar.
Era uma lei bastante dura. Mas os acentos estavam a lutar pela sua sobrevivência.
Chegou a vez do Acento Circunflexo.
- Quero, em primeiro lugar, mostrar a minha indignação por nos chamarem o acento chapelinho. Nós não somos chapéus, e exigimos respeito. Nós somos acentos e somos tão importantes como qualquer outro acento. Não somos usados em muitas palavras? Mas marcamos a diferença entre muitas delas. É só isto que tenho para dizer.
O Ministro da Escrita falou, com voz solene:
- Então os Acentos Circunflexos têm sido chamados “Chapelinhos”?! Mas isto é um desaforo. Exigimos mais respeito! A partir de agora vai ficar como lei obrigatória, o seguinte: “Quem não usar corretamente o acento circunflexo, vai ter de andar sempre para trás.”
Houve alguma confusão nas bancadas do Parlamento. É que um castigo daqueles não era usado há mais de vinte anos. A última vez tinha sido aplicado quando os alunos se recusavam a usar vírgulas nos seus trabalhos. Nessa altura o Reino da Pontuação estava com graves problemas, semelhantes aos de Acentónia. Era um castigo muito forte, mas a necessidade de pôr fim a esta confusão de acentos, fazia com que as leis tivessem de ser mais duras do que o habitual.
O Ministro da Escrita perguntou:
- E o “Til”, não tem nada a dizer?
- Bom, nós ainda não estamos muito mal. Lá nos vão colocando em cima das palavras. Ai deles que não ponham um til! Como é que vão dizer “mãe”, por exemplo? E “não”? E mão? Mas também dão erros. Às vezes é com o futuro dos verbos na terceira pessoa do plural. Eles falarão, eles cantarão, eles brincarão. Sempre com o til, para fazer “ão”. Nós, os “Acentos til”, também queremos uma lei que nos proteja”.
- Acho muito justo. Os “Acentos til” também têm os seus direitos. A partir deste momento, quem não usar o til sempre que for necessário, vai ter de ler um livro sem palavras e depois, contar a história. Acham bem?
Todos saíram do Parlamento satisfeitos, por terem sido feitas leis muito rigorosas.
13/11/2011 - professora Diana Felizardo